quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Trabalho comprometido.

Aos internautas que acessam este blog gostaria de esclarecer que tenho tido alguma dificuldade no levantamento de dados daqueles que merecem pertencer ao elenco que propus levantar. Atualmente não resido em Cambuquira e alguns desses textos foram produzidos com a ajuda de algumas pessoas, como José Afonso,"meu primo", outros são frutos de busca na minha memória.
Espero que no mais breve possível eu possa postar aqui mais histórias desses cambuquirenses que marcaram a sua existência em nossa cidade, alguns deles que deveriam ser seguidos nos seus exemplos de amor à cidade, algo que está faltando nos dias de hoje.

Gostaria de publicar as histórias da Família Silva e do patriarca que veio do norte para fundar na cidade o Hotel Silva, Dr. João Silva, cujo filho de mesmo nome foi prefeito da cidade. A história de Francesco Caminada Margotti, médico de história marcante e muito amor à cidade. Aliás, deste último tive a promessa de uma de suas filhas, um resumo da vida que parece já ser o objetivo de um livro. Moupir Monteiro, jornalista paulista que adotou cambuquira, também deixou um legado de textos e histórias. E, mesmo cidadãos do povo: José Justino e Manoel Pão, carroceiros que ajudaram construir esta cidade. E, vai daí por diante. Mas, preciso da ajuda de todos...
Sei que cada família tem a sua história. Então, porque não compartilhar isso com outras pessoas?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Zé Queijinho.

Recorte tirado do Informativo da Câmara Municipal de autoria de Paulo Felisberto Ferreira (vereador2005/ 2008)
Posted by Picasa

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Solicito ajuda para este trabalho.

Se alguém tem fotos ou conhece alguém que as tenha e que possa ceder ao blog, favor entrar em contato com este administrador pelo site ou pessoalmente.
Algumas pessoas de destaque na comunidade não estão aqui citadas porque não tenho foto e mais dados para postar.
Se você sabe de alguma história interessante da cidade, envie que publicaremos com a citação da autoria.
Este é um trabalho sem fins lucrativos, nem político, e visa registrar nossa história como ela é.

Será que alguém tem uma foto do Sr. Venâncio, aquele que construiu a Igrejinha da Lavra?
Do Sr. Benedito Ferreira, Sr. Kalil Abdo Acary, Vicente Manes, José Eduardo, ....entre outros que foram pessoas de destaque na comunidade?

GERALDO GONÇALVES DOS REIS.

Este senhor de camisa xadrez é Geraldo Gonçalves, que se destacou principalmente como oleiro naqueles bons tempos quando surgiu na cidade o Bairro Regina Coeli. Os tijolos que fabricou ainda hoje estão aí nas paredes de muitas casas da cidade, principalmente no citado bairro onde ele tinha a sua olaria.

Geraldo Gonçalves é mais um dos personagens que fizeram os 100 anos de Cambuquira.

Ao seu lado, o companheiro das Folias do Divino, Geraldo Silva, o artista já citado neste blog, à direita o jovem Geraldo, quando se casou com Belinha.

Sua história: O oleiro Geraldo Gonçalves, como ficou conhecido, nasceu em 19 de agosto de 1915 na zona rural do Canta Galo, em Cambuquira. Filho de José Gonçalves da Silva e Maria Brígida do Espírito Santo, casou-se em 28/09/1940 com Isabel Umbelina Nogueira dos Reis, com quem teve 10 filhos, cinco homens e cinco mulheres. Ao longo de sua vida exerceu diversas profissões, entre elas as de sapateiro, seleiro, ferreiro, carpinteiro, oleiro e pedreiro, além de produtor rural, sua origem natural. Nessa área especificamente trabalhou como meeiro e arrendatário de glebas onde produzia arroz, feijão entre outros alimentos que comercializava para angariar recursos para criar a grande prole.
à esquerda, o casamento; abaixo: com a família e com os pedreiros.

Como pedreiro deixou várias casas construídas no Bairro Regina Coeli, onde ele tinha a sua olaria na divisa com o Sítio Riacho Doce. Trabalhou no traçado deste mesmo bairro ao lado do Engenheiro Gabriel Flávio Carneiro (Dr. Biloti) contratados por Dr. Ordomundi Gomes Ferreira, proprietário daquelas terras da antiga Fazenda do Retiro. Além dessa olaria do bairro, Geraldo Gonçalves ainda teve um outro na zona rural do Miranda, onde produziu muitos tijolos para a construção e expansão da cidade que tanto amava.

Abaixo: foto da Folia do Divino de frente a sua residência

Amante das tradições vindas dos antepassados, nunca deixava de participar das famosas Festas do Divino, conforme se pode ver na foto de uma folia de que ele era participante.

Geraldo Gonçalves faleceu em 31 de agosto de 1993 aos 78 anos de idade

.

Acima fotos das comemorações dos 50 anos de casado e abaixo com o filho Beto.

Este, sem sombra de dúvidas, ajudou a construir os 100 anos que a cidade completou neste ano.
Nota: História e fotos enviadas pelo colaborador José Afonso da S.Lemes, dados obtidos com sua filha Fatinha.

terça-feira, 26 de maio de 2009

MARTHA ANTIERO.

A nossa eterna professora de português, que ela sabia ensinar como ninguém, nos deixou um vazio com a sua partida para o andar de cima, como diria o apresentador de tv.
A sua competência indiscutível marcou toda uma geração de alunos dos anos 60 e 70 no Ginásio Estadual Clóvis Salgado em Cambuquira.
A sua maneira especial de ensinar interpretando e inventando histórias era o ponto forte da sua docência, fator esse marcante que registramos indelevelmente nas nossas memórias.
Nas suas aulas, nenhum aluno ficava disperso e divagar em pensamentos. Pois, ela conseguia prender a atenção. Era exigente sem ser intransigente. Poucos não aprendiam com ela. E, se fizeram sucesso na vida, têm que agradecer a essa grande educadora.
Sabia dar valor aos estudantes e para isso tinha um caderno que ela intitulou como o"Livro de Ouro" onde registrou as melhores redações dos seus alunos.
Casou-se pela primeira vez com Francisco Pedalino Costa com quem teve dois filhos. Mais tarde, separada judicialmente, casou com Afrânio Lemos Siqueira, um dos sócio do antigo Hotel Empreza com quem teve uma filha.
Poeta e prosadora deixou algumas obras que infelizmente muitos cambuquirenses nem chegaram a conhecer.
A minha professora eu dedico com carinho esta página que escrevo, com muito receio de que ela lá do alto onde está, venha descobrir algum erro e me puxe as orelhas à noite.
Essa é uma pessoa que sem deixar obras visíveis na paisagem da cidade nos deixou um legado muito mais valioso, a cultura. E, por isso reservo para ela com muita gratidão em meu nome e em nome de outros tantos seus ex-alunos, um especial lugar entre os personagens que fizeram a história de nossa cidade.
descrição: É a obra cuja narrativa, flui em ritmo ligeiro, por vezes mesmo burlesco, mas que traz o travo amargo da crítica a uma estrutura social que, cruzando os braços, limita-se a sonhar com a volta ao passado, ou com a chegada de um homem providencial que resolva sozinho todos os problemas;


Descrição da obra no site Estante Virtual.


Alem dessa obra, ela escreveu ainda "A rede"(Ed. Record) à venda no sebo do Estante Virtual.


Ambos os livros editados pela Ed. Civilização Brasileira - Rj. (série coleção Vera Cruz).
Nota:Solicito aos seus ex-alunos que tiverem fotos, fatos e histórias dessa nossa grande professora que envie para este blog para que a homenagem seja mais fiel ao que ela merece.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sérgio Mario Regina

Natural de Varginha - MG, formou-se engenheiro agrônomo em 1956 pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", USP, Piracicaba - SP. Bom futebolista que era, jogava no flamengo de Varginha, mas também atuou em clubes em Poços de Calda e de Piracicaba. Na equipe de futebol da ESALQ era conhecido por "Ponce de León", exímio meia-direita do São Paulo Futebol Clube da época. Iniciou sua vida profissional como extensionista da EMATER - MG onde ocupou o cargo de coordenador de Hortaliças e posteriormente de Olericultura, Participou do 1º Curso Intensivo de Olericultura, (Projeto ETA - 55) promovido pela então Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), em Viçosa. Dos participantes deste curso nasceu a idéia de formar a Sociedade de Olericultura do Brasil. Na EMBRATER, coordenou o Programa de Horticultura (PROHORT) dando ênfase a capacitação/reciclagem dos extensionista de todo o Brasil, convocado pelo então Ministro da Agricultura Alysson Pauinell, como consultor da Secretaria Nacional de Produção criou e foi titular da Gerencia de Horticultura quando implementou os programas Nacionais de Produção e Abastecimento de Alho. Batata, Cebola e Maçã que foram também apoiados pelos cinco ministros sucessores. Para a implementação de tais programas contou com a colaboração dos engenheiros agrônomos Tarcísio da Silva Siqueira e Ilto Antonio Marandini da EMBRATER e João Alves de Menezes Sobrinho e Nozomu Makisuima da EMBRAPA e realizou vários eventos como "raids", cursos, mostras e outros, pelos diversos Estados do pais, principalmente naquele tradicionais de tais espécies de hortaliças. Incentivou a criação de produtores locais, regionais, estaduais e nacional de alho, batata, cebola e maçã. Sérgio Regina não tem atuado somente na área olericola. Preocupa-se com a conservação dos recursos naturais, principalmente da água. Dessa preocupação resultou a criação do Comitê da Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Verde. Atualmente desenvolveu o "raid" Colha Chuva Para Produção de Água, programa desenvolvido pela EMATER - MG e EPAMIG donde trabalha desde 1994 após 35 anos dedicados à Extensão Rural. Todas as atividades desenvolvidas pelo Sérgio eram e são direcionadas para o bem comum da sociedade. Tanto isto é verdade que recebeu 84 honrarias de reconhecimento público. Entre elas, foi o primeiro ganhador co Prêmio Marcílio de Souza Dias, da Sociedade de Olericultura do Brasil. (Texto Nozomu Makisuima )
Fonte Associação Brasileira de Horticultura.

Sérgio Regina faleceu no dia 11.01.2009, sem ver as festividades dos 100 anos da cidade que ele adotou de corpo e alma. (*)
Há alguns anos com a saúde debilitada, uma ou mais intervenções no coração, algumas hérnias e problemas no intestino que, apesar disso não lhe tiravam o bom humor presente nas suas piadas de sempre, até com o seu estado de saúde.
Apaixonado por nossa cidade desde os tempos de menino quando frequentava a Estância e onde seus pais, Braz Regina e Maria Foresti, adquiriram uma casa onde passavam todas férias e fins de semana, acabou-se por se tornar um verdadeiro cambuquirense.
Defensor do meio ambiente, defensor das “matas ciliares”, expressão criada por ele, teve papel importante na defesa do meio ambiente não só na região como também em todo o Brasil. Assim o seu nome passou a ser conhecido até no exterior.

Em Cambuquira, Dr.Sérgio se destacou na defesa do nosso patrimônio ecológico, entre eles, a Mata da Empreza (**), ameaçada de destruição pela ocupação desordenada no fim da década de 80, a reserva Santa Clara com as fontes que abastecem a cidade e a necessidade de se implantar na cidade um tratamento de água e esgoto. Na região, destacou-se pela defesa do Rio verde e toda sua bacia, importante veia aquática de abastece diversas cidade, inclusive Varginha, sua terra natal.
Aproveitando os dotes da cidade, atraiu vários eventos que ocupavam os espaços ociosos dos hotéis, divulgando o turismo e as belezas dessa Estância Hidromineral que ele tanto prezava.

Dr.Sérgio Regina merece, sem sombra de dúvidas, um lugar de destaque junto aqueles que trabalharam pela cidade nesses 100 anos que ela completou no último dia 12 de maio/2009.


1)Lançamento da biografia do Engenheiro Agrônomo e Extensionista Sérgio Mário Regina é parte das comemorações do 59º aniversário da EMATER-MG

2) texto da Associação Brasileira de Batatas

3)livro: "Sérgio Mário Regina: Muito além da semente"

É bom que fiquemos com o seu sorriso, presença sempre constante na sua postura ao encarar os fatos, quando sempre tinha um trocadilho para ilustrar.
Dr.Sérgio era preocupado com a água das torneiras, que apesar de nascer dentro de um reserva florestal nativa, ainda não tinha tratamento, fato esse que deve ser resolvido pela nova administração já que a Câmara Municipal aprovou a criação do SAE e não aceitou a implantação da COPASA na idade. Ele até brincava: a cidade com a melhor água mineral do mundo ainda não trata a água de suas torneiras!...
Foto do lançamento do seu livro acima descrito.

(*)Seu corpo foi cremado em Belo Horizonte na manhã do dia 12/01/2009.
(**) Mata da Empreza é o nome original da mata nativa existente perto do Parque das Águas.

Assista o vídeo do lançamento de suas cinzas no Rio Verde, de que ele era o maior defensor!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O casal Mattos.

A história de nossa cidade nunca ficará completa se nela forem omitidos nomes daqueles que dedicaram todas as suas vidas pelo progresso do município. E, hoje vamos contar um pouco da bela história de João Ribeiro de Mattos e sua esposa Maria José Ferreira de Mattos, ou D. Zezé de Mattos, como todos passaram conhecer.

Esse casal foi responsável pela existência de um dos prédios mais imponentes da cidade, o primeiro cartão postal que se vê quando se chega à cidade ou mesmo quando se passa por aqui e forçosamente tem que atravessar a cidade.

João Ribeiro de Mattos nasceu em 14/04/1899 em S.Domingos, sendo o segundo dos dez filhos de Ezequiel e Carolina Augusta. Já Maria José Ferreira de Mattos nasceu em 28/04/1894 no Miranda, sendo a primeira dos 8 filhos de Carmino e Ana Izabel. Antes de se casar, ela foi a primeira professora na Escola Rural do Congonhal na Fazenda de Antônio José, irmão do Cap.Cláudio.D.Zezé, de baixa estatura, tinha uma voz privilegiada e por causa disso passou a fazer parte do coro da Igreja Matriz com a sua “voz soprano” com outras pessoas que foram ensinadas pela esposa de Thomé Brandão.
Depois do casamento, o casal passou a residir na cidade onde tinham um comércio de secos e molhados na Rua do Rego (av. 2) hoje denominada João Silva, onde nasceram os seus 5 filhos e onde viveram até 1939, quando compraram o antigo Hotel Bella Vista. Como a Estância estava em franco progresso, desmancharam o velho casarão e com muita luta e sacrifício devido à Segunda Grande Guerra Mundial , fizeram um prédio que se tornou o Hotel Mattos, denominação essa que conservou até 1958, quando o hotel foi vendido aos espanhóis atuais proprietários.

Ná época da venda do Hotel Mattos, o fundador deste, João R.de Mattos já havia falecido e todos os seus filhos já estavam casados.

D. Maria José, como podem ver, era uma mulher muito religiosa. Então, quando eram recém casada, João o seu marido e o amigo Armando Almeida foram sorteados para servir o exército em Três Corações. D. Maria José e D. Mariquinha fizeram promessa a N.S. Aparecida e o nome dos dois desapareceu da lista, fato acontecido em 1919 e considerado pelas duas famílias como um milagre.Por causa disso, os dois foram os pioneiros em romaria à Aparecida, o que faz Cambuquira a primeira cidade da região a mandar romeiros para aquele santuário mariano.
João de Mattos foi um homem à frente do seu tempo, tinha a visão da solidariedade, embora politicamente parece não ter tido o reconhecimento do povo. Assim ele e mais alguns cambuquirenses de fé construíram a primeira casa paroquial da cidade e também a primeira casa da Vila Vicentina. Como homem de caráter firme e honestidade, ele foi nomeado também para Delegado de Polícia, quando na função construiu a primeira cadeia da cidade e foi o líder da construção da primeira rodoviária de Cambuquira, demolida por D.Antônio quando construiu o novo terminal de ônibus da cidade, o que foi uma pena pois apesar de simples era muito charmosa e poderia ter sido conservada como terminal turístico como almejavam alguns.


João faleceu em 21/08/1954 ainda jovem com apenas 56 anos. Já D. Maria José, ou D. Zezé de Mattos ficou viúva por 34 anos vindo a falecer em 1988 com os seus cabelos brancos como algodão aos 94 anos ainda muito lúcida.

Deixaram os filhos: João Jurandir Mattos, José Jair de Mattos,Sebastião Valdir de Mattos, Benedito Ari de Mattos e Maria Jacy Mattos (foto à direita) e 18 netos.Na foto ao lado os irmãos Mattos em Aparecida do Norte- sp.
Essa matéria foi baseada em informações enviadas por J.Afonso e por ele coletadas junto à filha do casal.
A foto do Hotel Mattos foi enviada por Renate Köhler, hoje Drews, cambuquirense-alemã residente em Kiel (Alemanha) que gentilmente nos cedeu essa bela imagem.
A foto de antigo Hotel Bella Vista foi copiada da obra "Memórias" de Cambuquira - de autoria do Pe. Antônio Ferreira.
As demais fotos são originárias do arquivo particular da família que nos foram cedidas para esse registro histórico.
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que muito fizeram por esta cidade."

Na foto colorida à direita:Da ESQUERDA PARA A DIREITA; Benedito Ari Mattos, Sebastião Valdir Mattos, Maria Iracy Mattos, José Jair Mattos e João Jurandir Mattos.


Nota do blog: "Este casal merece muito mais do que um simples destaque numa página da internet. E, está na hora de nossos políticos reconhecerem os verdadeiros valores daqueles

domingo, 10 de maio de 2009

RAFAEL LERO

Um fato vai ficar para sempre na história de Cambuquira marcado por um enigma: " Não se sabe qual era a maior paixão de Rafael Lero". Se era o esporte ou era a nossa cidade. Para muitos, as duas coisas eram a paixão desse nobre sonhador. Amava nossa cidade, porque amava o esporte. E, um fator completava o outro.
Rafael foi o principal incentivador do Esporte nessa nossa cidade durante boa parte dos anos 60 e 70. Mesmo quando ele estava em S.Paulo, onde vivia, não deixava de sonhar com o "vôlei", o "basquete" e outras atividades esportivas. Às vezes ficava horas a examinar as vitrines das lojas de material esportivo talvez a imaginar o quanto aquilo seria útil para os jovens da mais mineira das Estâncias de Minas.
Enquanto os administradores deram apoio lá estava o velho Lero comandando e orientando aqueles que ele acreditava que seriam o futuro do esporte na cidade.
Fazia questão de dividir os louros, segurar e exibir os troféus e distribuir medalhas. Pois, conscientemente reconhecia o valor do esporte contra todos os vícios. E, que enquanto a mente estivesse ocupada com a bola, com as táticas e com as competições ela também se desenvolvia e afastava os participantes dos males da vida moderna.
Um dia Cambuquira ficou sem Rafael que foi embora e nunca mais voltou. A idade, com certeza, já não lhe permitia enfrentar quase seis horas de ônibus de S.Paulo naquele tempo. E, aqueles que comandavam a cidade não conseguiram levar adiante o magnífico projeto desse sonhador. A praça de esportes ficou vazia de troféus e de atletas. Mas, o maior vazio que nunca mais vai ser preenchido é a falta que ele faz par nossa cidade.
Por causa desse seu amor puro e sem exigências pela cidade que ele adotou, Rafael Lero, sem sombra de dúvidas é um dos 100 personagens que fizeram a história de nossa cidade.
Na foto ao lado, lá estava ele com a Vera (diretora) e Alicéia (secretária) da Escola Estadual, acompanhado de alguns alunos num dos vários torneios que ajudou promover.


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Dr Antônio Almeida Oliveira

Natural de Caravelas, no Sul da Bahia, ele chegou à Cambuquira e por aqui fixou raízes.Casou-se com Vera, filha única do André Bacha, político e prefeito da cidade por várias vezes.
Da geração dos 30,40,50 anos e por aí adiante, que nasceram nesta Estância ou que viveram por aqui, é pouco provável que exista alguém que não tenha tido uma consulta médica com Dr. Antônio.
Desde que chegou à cidade nos anos 40, provavelmente, ele foi paulatinamente tomando o lugar que antes era de Dr. Manoel Brandão, até então o tradicional médico de família que se afastava da profissão devido a um algum problema nos olhos.
Assim aquele baiano, médico, mais mineiro do que baiano, veio se tornar, além daquele que examinava e indicava que remédio tomar, num líder político no lugar do sogro.
Por causa dessa sua nova ocupação, sua vida se transformou numa eterna campanha política que consciente ou inconscientemente dominava todo o seu tempo. O resultado dessa sua postura não podia ser outra: nunca perdia uma eleição. E, isso se tornou um ato normal deste médico da política. Não negava uma consulta ou uma visita a qualquer doente que fosse. E, apesar do passar dos anos,lá estava ele sempre disposto, não precisava de dinheiro para pagar, o que ficava para depois. Dizem que muitos aproveitavam disso e nem pagavam as consultas, outros porém e a grande maioria, com certeza cumpriam com as suas obrigações quitando a dívida mais tarde.
Esse seu jeito de fazer a medicina ou a política era o que os eleitores levavam em consideração na hora do voto.
_"Se Dr. Antônio mandou votar nesse é por que é bão!" Comentava o homem simples da roça.
_"Isso mesmo!" Completava o companheiro da cidade.

Isso, como era de esperar, não agradava a oposição. E, alguns cultivavam alguma raiva oculta daquele político e daquele seu sistema. Mas, poucos se aventuravam em levar a público esse sentimento, sob pena de perder mais votos. E, se não se pode vencer o monstro, pelo menos fingir, é o que parece ter sido o lema escolhido escolhido por alguns opositores para "não apanhar"mais nas urnas. Pois, nessa matéria ele se tornou o mestre admirado até fora da cidade.
Ele foi prefeito durante a ditadura militar, quando as Estâncias como as capitais não podiam eleger seus prefeitos por serem consideradas "áreas de segurança nacional". Diziam os adversários que mesmo não sendo ele o chefe do executivo, sempre aparecia "por baixo dos panos" nos comandos do município, seja elegendo vereadores ou seja usando das suas influências junto aos políticos do Estado e da União, decidindo sempre como queria. Verdade ou não, essa lenda corre ainda pela cidade.
Pelo menos um fundo de verdade tem esse boato, a sua livre circulação nos meios palacianos de Belo Horizonte e até no Congresso Nacional. Também, por causa disso, ele era considerado um "cacique político" que muitos prefeitos vizinhos procuravam para abrir as portas nos altos escalões.
Para confirmar essa sua fama de caçador de votos, na primeira eleição já no fim da ditadura, quando aquele estúpido impedimento para se votar foi derrubado, Dr. Antônio apareceu como candidato, tendo sido inclusive o primeiro prefeito eleito nas antigas "áreas de segurança"a aparecer na media com destaque no Jornal Nacional da TV. Globo.
Nas suas administrações, a cidade recebia sempre alguma ajuda vindas dos cofres federais e estaduais, já que a arrecadação da cidade, com o turismo que já entrava em processo de queda, não conseguia suprir as necessidades. E, foi assim, com o seu poder de persuasão, que aquele prefeito sempre conseguia trazer para cidade alguma verba para realizar esse ou aquele projeto.
Uma das suas principais obras na cidade foi a criação do Ginásio Clóvis Salgado, empreendimento que veio suprir a necessidade, principalmente dos estudantes mais carentes, que assim já podiam continuar os estudos. Pois, até então quem quisesse ter um simples curso de ginásio teria que se deslocar até Campanha, como fazia os nossos antepassados desde a criação do município no começo do século passado (XX). Os filhos das pessoas mais humildes cuja renda não permitia esse “luxo” teriam que se contentar com os ensinamentos do grupo escolar Raul Sá, única instituição pública existente na cidade ou no Externato Tiradentes de D.Sebastiana Ferreira e Calil Abdo Acary.
Conta D. Alicéia, primeira secretária do ginásio, que os primeiros servidores da nova escola foram com a cara e a coragem enfrentar essa nova empreitada em prol da cidade. Não tinham material e nem salário.
E, foi graças ao empenho e influência política do então prefeito que se conseguiu mais tarde a transferência da escola para o Estado de Minas Gerais.
Ainda na área da educação, ele foi responsável pela criação do conjunto formado pela escola maternal e anfiteatro Jorgina Bacha, onde funciona a APAE da cidade, além de outras unidades escolares na zona rural, algumas hoje desativadas pelo programa de concentração dos alunos implantado no Estado em escolas mais bem aparelhadas e com mais profissionais.
Dr. Antônio ainda foi o idealizador da nova rodoviária da cidade, um dos terminais mais bem montados em pequenas cidades, o que também serviu de exemplo para outros municípios da região, além de outras obras.
Para alguns ele “foi o maior coco que a Bahia já nos deu.” (conforme uma modinha feita em sua homenagem nos anos 60), para outros nem tanto. Afinal, não se consegue agradar "gregos e troianos". Pois, cada um tem os seus motivos para gostar ou não desse ou daquele indivíduo. E, na política não poderia ser diferente. A história está aí com os seus fatos e o tempo vai nos esclarecer as dúvidas de todos com relação aqueles que determinaram os destinos de nossa terra.
Dr. Antônio de Almeida Oliveira é sem sombra de dúvidas um daqueles que mais fatos deixou registrado nesses nossos 100 anos de Cambuquira. E, por causa disso, merece o seu lugar entre os personagens que fizeram essa nossa história.

Comentário de Marco A. Felix em 19/02/2013


O Professor Hilton Rocha, com certeza, figura entre os 100, se nao 10, médicos mais importantes do século XX! Nao podemos deixar apagar a história do Cambuquirense Nato mais celebre!
Quanto ao artigo sobre dr Antônio de Almeida Oliveira, acredito que algumas datas estejam equivocadas, como quando mudou se para cambuquira. A obra do baiano transcende disputas políticas e está em cada rua do município (fórum, rodoviária, hospital, biblioteca, creche, apae, asfalto). Sanitarista de formação foi esquecido a
Luta por melhoras sanitárias, tentativas do tratamento de Agua /lixo/esgoto, tentativa de criar o distrito industrial de
Cambuquira. Por diversas vezes presidente da Amaag, seu legado social extrapola o conceito de "cacique político", pois não houve sucessor ou representante que levantasse os preceitos éticos. Animal político como todo homem, teve uma vida subjugada por inimigos políticos que atrapalharam, nao o nome nem a reputação, mas a cidade de cambuquira. Talvez o mais conhecido e respeitado político do Sul de minas. O artigo deveria contemplar, com nome e
Sobrenome, a mulher por trás do homem.
Obrigado pelas considerações e parabéns pelo trabalho.
Enviado via iPhone

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Hoje, escolhemos um desses personagens de nossa história que caladamente trabalharam por nossa cidade, embora a comunidade possa até se esquecido, como acontece por aqui. E, se não fizermos nada, o seu nome vai passar e apagado da história e das mentes da pessoa, como tudo, desaparecerá no tempo.

O escolhido de hoje é Joaquim Afonso da Silva, nascido em 10/08/1904, que por um capricho do pai não recebeu o sobrenome “Silva Lemes” da família que, mesmo assim, ele perpetuou atribuindo a alguns filhos essa prova de vínculo com os primeiros habitantes desse lugar.
Esse senhor, como filho de Ildefonso acabou por virar “Quinca do Lifonso” e finalmente “Quinca Lifonso”.
Quinca Lifonso, homem inteligente e de visão, era interessado pelo progresso de nossa cidade, o que podemos ver nas suas iniciativas pioneiras.
Ele, quando garoto, era o fiel companheiro do avô nas missas dominicais, o que deve ter muito influenciado na sua fé. Para assistir essas e outras cerimônias religiosas, tomavam os dois em lombos de dois cavalos e enfrentando pó ou lama da estrada do chamado “Palmital”, onde seus avós Francisco Sebastião da Silva Lemes e D. Maria do Carmo viviam, para vir à cidade.
Até posso imaginar as conversas que tinham, as palavras do avô sobre a vida, a religião e as coisas mais modernas que se prometiam para o futuro. Seu avô, próspero fazendeiro do ramo de engenho e leite, com certeza sabia que a vida na roça ficava cada vez mais difícil e ainda mais com a chegada de novas e novas gerações e deve ter transmitido isso àquele menino. Sua mãe, Cândida, conhecida como "Dica", mulher de fibra, também religiosa e caridosa, também deve ter contribuído e muito na formação do seu caráter.Assim, aquele menino que se transformou num empreendedor de visão, apesar da situação daquela época.
Outro fato que deve ter influenciado nas suas decisões, e que sentiu na pele com os pais, foi o caso do confisco por parte do Estado da produção de rapadura do engenho em tempos de guerra. Com isso, apenas uma reserva ficava para consumo do produtor e o resto tinha que ser entregue ao exército. Aquele fato fez com que muitos fazendeiros proprietários dessa histórica agroindústria quase fossem levados à falência, sem recursos para cumprir as obrigações que tinham no comércio, adquirir ferramentas e pagar empregados.

O jovem Quinca assistiu tudo isso, o que o fez pensar em novas alternativas no futuro para ele e sua família. Mais tarde, com algum recurso que conseguiu com o comércio de café, comprou um caminhão dos grandes portes existentes na época. Com esse veículo de transporte, ele se aventurou no transporte de mercadorias pelas estradas de terra da região levando tambores de gasolina e querosene para cidades que não tinham esse meio. Esses produtos, ele buscava na cidade de Cruzeiro, Estado de S.Paulo e reabastecia além de Cambuquira,Três Corações, Conceição do Rio Verde entre outras. Além dessa importante mercadoria, trazia material de construção, madeira e gêneros alimentícios, como o sal, para cidade.
Quinca Lifonso ainda investiu numa pequena indústria de ladrilhos que funcionou até os anos 60 ao lado de sua residência. Até hoje, deve existir alguns desses ainda instalados em casas desta e de outras cidades.
Além de inteligência demonstrada no seu lado empreendedor, esse "Silva Lemes" entendia que o poder público não pode ser o responsável por tudo e que a comunidade deve ter o seu papel até nas mínimas ações. Exemplo disso, era a conservação da velha estrada do Congonhal, caminho usado por vários proprietários de terras naquela região. Para a sua conservação, ele chegou a fornecer caminhão, carroças e até mataburros usados nas divisas para evitar a fuga de animais.
Na época, quando Manoel Brandão e Vicente Urti idealizaram a construção do novo hospital, Quinca Lifonso foi um dos líderes dessa empreitada que teve o apoio de comerciantes, fazendeiros entre outros segmentos da sociedade para que a cidade tivesse um prédio até hoje considerado um dos melhores para esse serviço.
No dia do lançamento da pedra fundamental, lá estava aquele homem nem tão menino mas o eterno sonhador a acreditar Cambuquira ganhava mais um incentivo para se tornar um município próspero como prometiam todas as evidências.
Joaquim Afonso, o "Quinca Lifonso", pai dedicado e portador dos mais puro princípios de moralidade, foi um desses personagens silenciosos que trabalharam pelo bem de nossa cidade.
Pai dedicado e portador de princípios severos de moralidade, este foi um homem que, sem sombra de dúvidas, deve ter o seu nome registrado como um dos principais personagens desses 100 anos de Cambuquira.

sábado, 2 de maio de 2009

Geraldo Silva, pintor popular de Cambuquira.

Geraldo Silva foi um desses cidadãos comuns do povo que já bem tarde resolveu experimentar os pincéis.
Ninguém o ensinou a técnica que entendidos dizem ter originado na Alemanha.
Alguém gostou de um dos seus quadros e ofereceu-lhe alguns trocados, depois outro, outro e outro mais. Assim, aquele artista autodidata começou ter os seus desenhos disputados.
E, por que tanto sucesso?
É que "Seu Geraldo" pintava ou tentava retratar o que via na vida simples da cidade: "as folias de reis", o"carro de boi", os "ternos de congo", as cenas o cotidiano e os bairros com suas casas simples
Na frente de uma residência na av. NS Aparecida, ele tinha deixado um desses desenhos que o proprietário mais tarde removeu numa reforma do prédio. Mas, algumas obras estão espalhadas por Cambuquira, Rio de Janeiro e quem sabe em outras cidades.
No site da Galeria Brasiliana - Arte Popular Contemporânea define assim Geraldo Silva: Pintor Popular, mineiro, falecido em 1987, era um humilde trabalhador rural que começou a manifestar-se espontaneamente através da pintura, realizando uma obra que o aproxima da arte naturalista. Utilizando-se de tinta esmalte comum, documentou a vida na roça, a paisagem e os costumes a gente humilde do interior. Um mestre da luz e da composição.
Geraldo Silva sem saber escrevia nas suas obras um pouco da nossa história, tornando-se sem querer mais um personagem desses 100 anos de Cambuquira.
Na foto ao lado, ele registrou a sua ida à Aparecida-SP nesta montagem com a gravura de um avião.Acima(à esquerda), recorte de uma pescaria que fez com Guarino e à direita na Folia de Reis que ele tanto gostava ao lado de seu amigo Geraldo Gonçalves(frente à casa deste.)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

LEONARDO DE FREITAS

Leonardo de Freitas e seu sócio Pedro Nicola foram os primeiros concessionários de energia elétrica da cidade, cuja usina inaugurada na administração de Raul Sá, o primeiro prefeito de Cambuquira. Esses homens acreditaram no futuro da cidade e a tornaram uma das primeiras a ter iluminação própria no começo do Século XX.
Sua usina de força funcionava na rua da Estação onde hoje se localiza uma loja de material de construção, conforme de se pode identificar pela foto do prédio onde estavam instalados os dínamos potentes que iluminaram a cidade, conforme se vê também na foto de inauguração com faixa de agradecimento ao primeiro prefeito.
Tudo indicava que esta cidade teria um futuro promissor, o que por muito tempo se confirmou. E, esta qualidade ainda não foi perdida. Mas, parece guardada com chaves que os recentes gestores do poder público ainda não descobriram.

Conforme conta Manoel Brandão (pag.35 - L. Cambuquira, ed.1958), em 12 de outubro de 1910 aconteceu a inauguração do serviço de iluminação pública(foto ao lado).
Apesar de ter recebido a concessão por 25 anos, a empresa não conseguiu suprir a demanda necessária para uma cidade que a cada dia recebia mais visitantes e crescia. E, pela falta de recursos técnicos e financeiros não tinha condições de melhorar a oferta de energia necessária.Fato esse que provocou"a encampação da empresa pela Prefeitura Municipal com a compra do patrimônio, inclusive a sede, pelo valor de 20 contos de réis".
Leonardo de Freitas e Pedro Nicola são personagens desses 100 anos de Cambuquira que merecem um lugar na nossa história.

Quando foi inaugurada a Usina Vivaldi em Varginha, foi celebrado com essa nova empresa o fornecimento da energia elétrica pelo pagamento de uma contribuição anual, contrato esse que vigorou até 1937, quando este serviço passou para a Cia Sul Mineira de Eletricidade, sua sucessora.(pag. 39 da mesma fonte).
Mais tarde, já da década de 60 a energia passou para Cemig, responsável até hoje pelo fornecimento.


quarta-feira, 29 de abril de 2009

SIGMUND SZABÓ.

Qualquer pessoa que olhe os céus de Cambuquira nesses meses de outono e inverno poderá entender porque um velho dentista húngaro se apaixonou por este lugar.

Sigmund Szabó, talvez um fugitivo da Europa que não desejava mais aqueles que processavam a fé dos ensinamentos da Torá, trabalhou como dentista no Rio de Janeiro até se aposentar. Aposentado, como já conhecia nossa cidade, encantado com aquele infinito ilustrado pela via láctea, resolveu se mudar para esta cidade e nela realizar o velho sonho dos seus tempos de infância, talvez influenciado até mesmo pelas histórias de seus ancestrais que viajavam pelo deserto guiados pelas estrelas do céu.

Na cidade contratou o construtor Agostinho Franco para construir sua casa na Av. Júlio Lemos onde reservou nos fundos da casa um espaço perto da garagem onde guardava o seu velho Ford para ser o seu laboratório. Naquele cantinho, aquele velhinho morena com o mínimo de cabelos na cabeça e uma corcunda acentuada pelos longos anos de vida, ele preparava as lentes e espelhos com os quais veio montar um telescópio de 250mm.

Com esse aparelho caseiro ele mostrou aos estudantes locais, pela primeira vez, as famosas crateras da lua., os planetas, as nebulosas entre outros corpos celestes visíveis por telescópios.
No pátio da casa, nos dias de lua crescente ou minguante, aglomeravam vários jovens e outras pessoas da comunidade para ter contato com esse mundo que parece ficar tão perto de quem vive nas montanhas mas ao mesmo tempo invisíveis para o olho nu.
Para atrair mais as novas gerações, o velho Sigmund com o seu português cheio de sotaque chegou dar aulas no Ginásio Estadual. E, muito espirituoso ainda brincava quando um bola de papel ou um caroço de mamona batia no quadro jogadas por algum aluno desinteressado no assunto.

__Parece que uns bolinhas estão caindo por aqui?”

Na mesma época quando se cogitava construir na cidade um observatório astronômico, o primeiro da região, Dr. Ordomundi Gomes Ferreira, dono do novo loteamento da área hoje conhecida como Bairro Carioca, doou-lhe um terreno no fim da Av. Charles Berthaud com a Padre Anchieta. Ali Szabó começou efetivar o seu tão sonhado projeto de ver de mais perto as “estrelas” e o resto do infinito.
Através de uma associação que denominou CEA – Centro de Estudos de Astronomia, começou então nascer o Observatório Centauro.
Szabó apesar das limitações da idade e das deficiências físicas era um gerente dinâmico das obras. E, enquanto um pedreiro conhecido como João Gatinho trabalhava na construção das paredes e alguns meninos contratados para quebrar a pedra para fazer a brita trabalhavam, lá estava ele fiscalizar tudo. Logo as paredes subiram, o prédio ganhou a laje e depois a cúpula foi colocada. Parecia que tudo ia bem. Mas, de repente faltou verba e a obra ficou paralizada, muito embora já se podia ver de longe por quem chegava pelo trevo do Marimbeiro a imponente cúpula a refletir os raios do sol.
A notícia da construção do prédio com a sua cúpula foi registrada pelos jornais da região e até dos grandes centros. E, essa pequena cidade do interior de Minas Gerais se preparava, quem sabe, para ser uma coadjuvante na corrida espacial.
Debaixo da base, de onde sai uma coluna de sustentação de um futuro telescópio, Szabó e autoridades da época fizeram uma caixa fundamental onde em tubos de pvc foram colocados os jornais, fotos e documentos para futuras gerações, como prova dos idealizadores daquela obra de extrema importância para ciência e para o turismo.
Cambuquira passava a ser a única e privilegiada estância com um centro astronômico e seu próprio observatório.

Szabó talvez consciente que o tempo não para de passar, lutava para ver o seu projeto realizado. Dizia algumas pessoas que o conheciam mais de perto que ele tirava até recursos de sua casa para aplicar na construção daquele prédio. Por causa disso, certa vez, sem dinheiro para gasolina, como bom “cientista” adaptou ao velho carro um botijão de gás de cozinha e desta forma foi até o Rio de Janeiro.
Mas, como em outros projetos, quase nada se fez para ajudar o velho sonhador que acabou por não ver o fim da obra. Sigmund Szabó faleceu . Os documentos, telescópio e outras bens da entidade ficaram confinados por quase vinte anos num dos cômodos do almoxarifado da prefeitura e o prédio se transformou em uma habitação improvisada, apesar de inacabado, onde até porcos foram criados, para tristeza dos amantes da ciência.
Nesse período, nenhum político ou autoridade se interessou em levar aquilo para frente.

O sonho do velho judeu só voltou a ser lembrado muito tempo depois, quando a humanidade se preparava para a visita do Cometa Halley no ano de 1985. Nessa época, um grupo de pessoas, entre eles alguns alunos do astrônomo, resolveram se empenhar na conclusão das obras. Com a ajuda da comunidade e algum auxílio de órgãos públicos, o prédio foi desocupado e restaurado ficando pronto para ser usado não só para encontros do gênero como também para outras atividades. O telescópio foi remontado, apesar da falta de peças e assim outras pessoas puderam ver e outras reverem as maravilhas que o infinito nos reserva além do olho nu. O terreno foi oficialmente legalizado em nome da entidade, assegurando-lhe o destino que foi dado pelo astrônomo e pelo doador do terreno.
Desse grupo de novos sonhadores, alguns literalmente puseram a mão na massa para deixar o lugar apropriado para uso da comunidade. O cometa trouxe luz para o projeto.

Infelizmente, a cidade ainda espera a conclusão de parte das obras, como é o caso da cúpula atualmente sem condições de giro, além da aquisição e montagem de uma base com um novo telescópio capaz de servir para pesquisas astronômicas como acontecem em outros lugares do globo.
Enquanto isso, sob o comando de um jovem sonhador como o velho Szabó, a entidade teima em não morrer, apesar da continuidade do mesmo pensamento de desprezo que ainda se tem por um bem que a cidade ainda não reconhece como seu ou pelo valor que pode ter para uma cidade que ainda tem pretensões de continuar sendo um lugar turístico.
Hoje, o prédio já necessita de novas reformas, o que foi prometido pela nova direção através de um convênio com uma universidade regional, o que a "comunidade consciente" espera acontecer sob pena do sonho antigo ficar novamente adormecido.

Sigmundo Szabó, o velho judeu errante que apaixonado pelas estrelas escolheu nossa cidade para realizar o seu sonho de menino é também um dos 100 anos de Cambuquira, cuja história não pode ignorar.


Texto: Naqueles tempos árduos, mas felizes, quem escreveu este texto era uma criança que apesar da idade trabalhou quebrando pedras para as colunas e lajes do prédio que aí está. Por isso, assistiu parte dessa história, como testemunho ocular de alguns fatos.

Autor: Gilberto Lemes, Fotos: Unis/Astrobyte.


sábado, 25 de abril de 2009

ARGEMIRO MARTINS CORREA

Foto abaixo: Argemiro,D. Rosa e a filha caçula Meimei.
Falar sobre Argemiro Martins Correa é muita responsabilidade. Afinal, ele era um mestre da arte de escrever e amava fazer isso. A sua aparência e fala serenas já demonstravam que ali estava um ser diferente, e muito mais diferente para nós, pobres mortais dos dias de hoje, quando tudo tem que ser agora, “num clique”, aproveitando o novo vocabulário que a informática nos impôs.
Como pai, Argemiro deve ter sido aquele que com poucas palavras dizia tudo, como eram as suas poesias, sem perder o controle, a serenidade comum e a autoridade sem ser autoritário.
Esse caxambuense só de nascimento não conseguiu se livrar os encantos de nossa terra para onde veio em busca de uma oportunidade ainda naqueles bons tempos de progresso da Estância.
Argemiro nasceu em Caxambu em 16 de Fevereiro de 1918, sob o signo de aquário e como dizem deve ter vivido além do tempo da sua existência. Filho de José Augusto Correa e Climene Martins Ribeiro, foi casado com Rosa Junqueira de Carvalho Correa com quem teve três filhos:
José Francisco, Eduardo e Eurydice Meimei de Carvalho Correa. Para esta filha o poeta buscou o primeiro nome da literatura grega que com certeza era uma das suas fontes de inspiração e acrescentou o segundo nome tirados das obras de Chico Xavier que era o seu ídolo e provavelmente o autor de seus livros de cabeceira, pelo bom “espírita cristão” que era.
Argemiro quando chegou à cidade se empregou na Prefeitura Municipal, onde depois de se destacar pelos bons serviços e dedicação acabou cedido à Coletoria Estadual, órgão que naquela época cuidava da arrecadação, tributação e fiscalização dos tributos do Estado de Minas Gerais.E, foi nessa repartição que ele se aposentou.
Aposentado não parou de trabalhar e nunca rejeitou trabalhos. Assim durante a sua vida foi garçom, alfaiate, servidor municipal, servidor estadual, provedor do hospital, presidente do sindicato dos empregados de hotéis e similares de Cambuquira, ocupação essa que lhe obrigou a participar de vários eventos da classe até no Rio de Janeiro. Alem de todas essas atribuições, como poeta, ele teve papel preponderante na disseminação da cultura em nossa cidade e região, quando idealizou e realizou diversos eventos literários como a
“Primeira Feira do Livro de Cambuquira, ideia essa copiada depois por outros municípios da região
Em nossa cidade ele fundou e dirigiu o jornal “A Fonte” onde outros personagens da nossa história, como Martha Antiério também divulgavam os seus trabalhos literários e as notícias da época.
“Queixume” e “Caminhos” são algumas das suas obras publicadas. A primeira dedicada à poesia e a segunda, um livro de prosas, além de pequenas publicações como “crespusculários”(1969) e do “I concurso de Trovas de Cambuquira”, também em 1969.
Infelizmente a cidade de hoje desprovida de vultos como Argemiro, Martha Antiério, Mário Azevedo e outros já não realiza quase nada na área da literatura, resultado talvez da falta de interesse por esse assuntos.

Para que a vontade desse grande homem que foi Argemiro Correia não se perca no tempo, cabe a nós resgatar a história, a poesia e as letras de uma forma geral e quem sabe nesses exemplos do passado conseguiremos despertar nas novas gerações um gosto pela arte que esses mestres de ontem, como ele, nos deixaram de legado.
Obrigado Argemiro por ter escolhido nossa cidade para ser a sua também e por te-la amado muito mais do que nós ainda não a conseguimos amar!...

Na foto ao lado, Argemiro, esposa e a caçula Meimei num evento literário acompanhando os ex-prefeitos André Bacha e Dr.Antônio Almeida Oliveira, alé de outras autoridades da época.



Nota: As informações e fotos foram enviadas por sua filha Meimei.


Para ilustrar, levamos ao conhecimento algumas gotas da imensa obra que ele deixou:

Saudosismo:

“ Quem que não sente saudade
Dos tempos que já viveu,
Quando com a felicidade
Andou e não percebeu!”


E, talvez com inspiração em Meimei, sua menina ainda pequena, ele escreveu:

Simplicidade

“Ao ver passar um enterro,
A minha filhinha exclama:
Olha, papai, quanta gente
Vai carregando uma cama!...”


E, às vezes era irônico sem ser grosseiro, como:

No cemitério

“Mui falou de todo mundo
Que ali no túmulo agora,
Tem o corpo lá no fundo
E a língua enorme de fora."


No livreto do I Concurso de Trovas de Cambuquira, Argemiro ainda deu espaço para outros poetas que dele participaram, de onde tiramos alguns trabalhos dedicados a esta Estância Hidromineral:

“Longos caminhos andei
Tendo sede e fonte em mira,
Mas finalmente encontrei
As águas de Cambuquira.”


José Antônio Nazaret
Lambari- mg

"Goze a vida com saúde,
Força total adquira;
Retarde o triste ataúde
Na Fone de Cambuquira..."


Armando Marques
Belo Horizone – mg

"Virgem Santa, Salvadora,
Em que o mundo se inspira,
Sede a fonte protetora
Das águas de Cambuquira."


Numa Viallet
Belo Horizonte- mg.

"Não há fonte mais famosa
Que beleza mais inspirar
Que a da urbe tão mimosa,
Nossa amada Cambuquira."


Irmão Abílio José
Varginha-mg.

"As fontes de Cambuquira,
Entre as mais belas do mundo,
À tona são de safira
E cristalina no fundo."


Orlando Woczikesky
Curitiba – pr.






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