quinta-feira, 7 de maio de 2009

Hoje, escolhemos um desses personagens de nossa história que caladamente trabalharam por nossa cidade, embora a comunidade possa até se esquecido, como acontece por aqui. E, se não fizermos nada, o seu nome vai passar e apagado da história e das mentes da pessoa, como tudo, desaparecerá no tempo.

O escolhido de hoje é Joaquim Afonso da Silva, nascido em 10/08/1904, que por um capricho do pai não recebeu o sobrenome “Silva Lemes” da família que, mesmo assim, ele perpetuou atribuindo a alguns filhos essa prova de vínculo com os primeiros habitantes desse lugar.
Esse senhor, como filho de Ildefonso acabou por virar “Quinca do Lifonso” e finalmente “Quinca Lifonso”.
Quinca Lifonso, homem inteligente e de visão, era interessado pelo progresso de nossa cidade, o que podemos ver nas suas iniciativas pioneiras.
Ele, quando garoto, era o fiel companheiro do avô nas missas dominicais, o que deve ter muito influenciado na sua fé. Para assistir essas e outras cerimônias religiosas, tomavam os dois em lombos de dois cavalos e enfrentando pó ou lama da estrada do chamado “Palmital”, onde seus avós Francisco Sebastião da Silva Lemes e D. Maria do Carmo viviam, para vir à cidade.
Até posso imaginar as conversas que tinham, as palavras do avô sobre a vida, a religião e as coisas mais modernas que se prometiam para o futuro. Seu avô, próspero fazendeiro do ramo de engenho e leite, com certeza sabia que a vida na roça ficava cada vez mais difícil e ainda mais com a chegada de novas e novas gerações e deve ter transmitido isso àquele menino. Sua mãe, Cândida, conhecida como "Dica", mulher de fibra, também religiosa e caridosa, também deve ter contribuído e muito na formação do seu caráter.Assim, aquele menino que se transformou num empreendedor de visão, apesar da situação daquela época.
Outro fato que deve ter influenciado nas suas decisões, e que sentiu na pele com os pais, foi o caso do confisco por parte do Estado da produção de rapadura do engenho em tempos de guerra. Com isso, apenas uma reserva ficava para consumo do produtor e o resto tinha que ser entregue ao exército. Aquele fato fez com que muitos fazendeiros proprietários dessa histórica agroindústria quase fossem levados à falência, sem recursos para cumprir as obrigações que tinham no comércio, adquirir ferramentas e pagar empregados.

O jovem Quinca assistiu tudo isso, o que o fez pensar em novas alternativas no futuro para ele e sua família. Mais tarde, com algum recurso que conseguiu com o comércio de café, comprou um caminhão dos grandes portes existentes na época. Com esse veículo de transporte, ele se aventurou no transporte de mercadorias pelas estradas de terra da região levando tambores de gasolina e querosene para cidades que não tinham esse meio. Esses produtos, ele buscava na cidade de Cruzeiro, Estado de S.Paulo e reabastecia além de Cambuquira,Três Corações, Conceição do Rio Verde entre outras. Além dessa importante mercadoria, trazia material de construção, madeira e gêneros alimentícios, como o sal, para cidade.
Quinca Lifonso ainda investiu numa pequena indústria de ladrilhos que funcionou até os anos 60 ao lado de sua residência. Até hoje, deve existir alguns desses ainda instalados em casas desta e de outras cidades.
Além de inteligência demonstrada no seu lado empreendedor, esse "Silva Lemes" entendia que o poder público não pode ser o responsável por tudo e que a comunidade deve ter o seu papel até nas mínimas ações. Exemplo disso, era a conservação da velha estrada do Congonhal, caminho usado por vários proprietários de terras naquela região. Para a sua conservação, ele chegou a fornecer caminhão, carroças e até mataburros usados nas divisas para evitar a fuga de animais.
Na época, quando Manoel Brandão e Vicente Urti idealizaram a construção do novo hospital, Quinca Lifonso foi um dos líderes dessa empreitada que teve o apoio de comerciantes, fazendeiros entre outros segmentos da sociedade para que a cidade tivesse um prédio até hoje considerado um dos melhores para esse serviço.
No dia do lançamento da pedra fundamental, lá estava aquele homem nem tão menino mas o eterno sonhador a acreditar Cambuquira ganhava mais um incentivo para se tornar um município próspero como prometiam todas as evidências.
Joaquim Afonso, o "Quinca Lifonso", pai dedicado e portador dos mais puro princípios de moralidade, foi um desses personagens silenciosos que trabalharam pelo bem de nossa cidade.
Pai dedicado e portador de princípios severos de moralidade, este foi um homem que, sem sombra de dúvidas, deve ter o seu nome registrado como um dos principais personagens desses 100 anos de Cambuquira.

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