Da geração dos 30,40,50 anos e por aí adiante, que nasceram nesta Estância ou que viveram por aqui, é pouco provável que exista alguém que não tenha tido uma consulta médica com Dr. Antônio.
Desde que chegou à cidade nos anos 40, provavelmente, ele foi paulatinamente tomando o lugar que antes era de Dr. Manoel Brandão, até então o tradicional médico de família que se afastava da profissão devido a um algum problema nos olhos.
Assim aquele baiano, médico, mais mineiro do que baiano, veio se tornar, além daquele que examinava e indicava que remédio tomar, num líder político no lugar do sogro.
Por causa dessa sua nova ocupação, sua vida se transformou numa eterna campanha política que consciente ou inconscientemente dominava todo o seu tempo. O resultado dessa sua postura não podia ser outra: nunca perdia uma eleição. E, isso se tornou um ato normal deste médico da política. Não negava uma consulta ou uma visita a qualquer doente que fosse. E, apesar do passar dos anos,lá estava ele sempre disposto, não precisava de dinheiro para pagar, o que ficava para depois. Dizem que muitos aproveitavam disso e nem pagavam as consultas, outros porém e a grande maioria, com certeza cumpriam com as suas obrigações quitando a dívida mais tarde.
Esse seu jeito de fazer a medicina ou a política era o que os eleitores levavam em consideração na hora do voto.
_"Se Dr. Antônio mandou votar nesse é por que é bão!" Comentava o homem simples da roça.
_"Isso mesmo!" Completava o companheiro da cidade.
Isso, como era de esperar, não agradava a oposição. E, alguns cultivavam alguma raiva oculta daquele político e daquele seu sistema. Mas, poucos se aventuravam em levar a público esse sentimento, sob pena de perder mais votos. E, se não se pode vencer o monstro, pelo menos fingir, é o que parece ter sido o lema escolhido escolhido por alguns opositores para "não apanhar"mais nas urnas. Pois, nessa matéria ele se tornou o mestre admirado até fora da cidade.
Ele foi prefeito durante a ditadura militar, quando as Estâncias como as capitais não podiam eleger seus prefeitos por serem consideradas "áreas de segurança nacional". Diziam os adversários que mesmo não sendo ele o chefe do executivo, sempre aparecia "por baixo dos panos" nos comandos do município, seja elegendo vereadores ou seja usando das suas influências junto aos políticos do Estado e da União, decidindo sempre como queria. Verdade ou não, essa lenda corre ainda pela cidade.
Pelo menos um fundo de verdade tem esse boato, a sua livre circulação nos meios palacianos de Belo Horizonte e até no Congresso Nacional. Também, por causa disso, ele era considerado um "cacique político" que muitos prefeitos vizinhos procuravam para abrir as portas nos altos escalões.
Para confirmar essa sua fama de caçador de votos, na primeira eleição já no fim da ditadura, quando aquele estúpido impedimento para se votar foi derrubado, Dr. Antônio apareceu como candidato, tendo sido inclusive o primeiro prefeito eleito nas antigas "áreas de segurança"a aparecer na media com destaque no Jornal Nacional da TV. Globo.
Nas suas administrações, a cidade recebia sempre alguma ajuda vindas dos cofres federais e estaduais, já que a arrecadação da cidade, com o turismo que já entrava em processo de queda, não conseguia suprir as necessidades. E, foi assim, com o seu poder de persuasão, que aquele prefeito sempre conseguia trazer para cidade alguma verba para realizar esse ou aquele projeto.
Uma das suas principais obras na cidade foi a criação do Ginásio Clóvis Salgado, empreendimento que veio suprir a necessidade, principalmente dos estudantes mais carentes, que assim já podiam continuar os estudos. Pois, até então quem quisesse ter um simples curso de ginásio teria que se deslocar até Campanha, como fazia os nossos antepassados desde a criação do município no começo do século passado (XX). Os filhos das pessoas mais humildes cuja renda não permitia esse “luxo” teriam que se contentar com os ensinamentos do grupo escolar Raul Sá, única instituição pública existente na cidade ou no Externato Tiradentes de D.Sebastiana Ferreira e Calil Abdo Acary.
Conta D. Alicéia, primeira secretária do ginásio, que os primeiros servidores da nova escola foram com a cara e a coragem enfrentar essa nova empreitada em prol da cidade. Não tinham material e nem salário.
E, foi graças ao empenho e influência política do então prefeito que se conseguiu mais tarde a transferência da escola para o Estado de Minas Gerais.
Ainda na área da educação, ele foi responsável pela criação do conjunto formado pela escola maternal e anfiteatro Jorgina Bacha, onde funciona a APAE da cidade, além de outras unidades escolares na zona rural, algumas hoje desativadas pelo programa de concentração dos alunos implantado no Estado em escolas mais bem aparelhadas e com mais profissionais.
Dr. Antônio ainda foi o idealizador da nova rodoviária da cidade, um dos terminais mais bem montados em pequenas cidades, o que também serviu de exemplo para outros municípios da região, além de outras obras.
Para alguns ele “foi o maior coco que a Bahia já nos deu.” (conforme uma modinha feita em sua homenagem nos anos 60), para outros nem tanto. Afinal, não se consegue agradar "gregos e troianos". Pois, cada um tem os seus motivos para gostar ou não desse ou daquele indivíduo. E, na política não poderia ser diferente. A história está aí com os seus fatos e o tempo vai nos esclarecer as dúvidas de todos com relação aqueles que determinaram os destinos de nossa terra.
Dr. Antônio de Almeida Oliveira é sem sombra de dúvidas um daqueles que mais fatos deixou registrado nesses nossos 100 anos de Cambuquira. E, por causa disso, merece o seu lugar entre os personagens que fizeram essa nossa história.
Comentário de Marco A. Felix em 19/02/2013
O Professor Hilton Rocha, com certeza, figura entre os 100, se nao 10, médicos mais importantes do século XX! Nao podemos deixar apagar a história do Cambuquirense Nato mais celebre!
Quanto ao artigo sobre dr Antônio de Almeida Oliveira, acredito que algumas datas estejam equivocadas, como quando mudou se para cambuquira. A obra do baiano transcende disputas políticas e está em cada rua do município (fórum, rodoviária, hospital, biblioteca, creche, apae, asfalto). Sanitarista de formação foi esquecido a
Luta por melhoras sanitárias, tentativas do tratamento de Agua /lixo/esgoto, tentativa de criar o distrito industrial de
Cambuquira. Por diversas vezes presidente da Amaag, seu legado social extrapola o conceito de "cacique político", pois não houve sucessor ou representante que levantasse os preceitos éticos. Animal político como todo homem, teve uma vida subjugada por inimigos políticos que atrapalharam, nao o nome nem a reputação, mas a cidade de cambuquira. Talvez o mais conhecido e respeitado político do Sul de minas. O artigo deveria contemplar, com nome e
Sobrenome, a mulher por trás do homem.
Obrigado pelas considerações e parabéns pelo trabalho.
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