"__Mas onde estão esses irmãos Lemes? Estariam lá dentro rezando?"
Perguntará um irônico observador desta foto. Não o culpo pela ignorância sobre a história. Afinal, poucos são os cambuquirenses de hoje que conhecem a verdadeira história dessa igreja(Se é que sabiam da sua existência!) e tão pouco ouviram falar desses irmãos. Culpa também da ignorância daqueles que decidiram o que deveria ou não repassar para novas gerações."
Os Irmãos Lemes foram Antônio Joaquim da Silva Lemes, Tomé da Silva Lemes, José Vicente da Silva Lemes e João Evangelista. Destes, na história escrita por Manoel Brandão com base nas pesquisas de José Guimarães neto de dois dos citados cidadãos, há o destaque da liderança de Antônio Joaquim, um dos cidadãos descendente dos primeiros proprietários deste chão, José da Silva Leme e Rosa Maria Goulart (Gularte).
Antônio Joaquim, desejando que o lugar tomasse corpo de cidade transferiu-se com a família para nova vila que se formava e tomava forma à partir da estrada com ares de rua que hoje é a Avenida Virgílio de Melo Franco, ou Rua Direita como é popularmente conhecida.
Nesta rua construiu o primeiro sobrado do lugar, com cômodo comercial no primeiro andar, conforme de pode ver numa das primeiras fotos deste lugar. Essa sua casa ficava no que é hoje a esquina dessa rua com a João Silva, mais precisamente onde hoje se localiza a agência da Caixa Econômica Federal.
Feito isso, tratou de edificar com a ajuda dos irmãos e também com o auxílio de outros habitantes , o primeiro templo religioso do lugar, como de costume no alto da colina onde se formava a vila.
Participaram dessa obra, ofertando recursos próprios e até trabalhando na obra, além de seus acima citados os senhores: Casimiro José da Costa* e os irmãos Manoel e José Martins Ribeiro*, parentes do líder dessa empreitada.
Nessa capela, primeiro mensalmente e depois mais regularmente, conforme consta no livro "Cambuquira, Estância Hidromineral e Climática",*as missas e outras cerimônias religiosas eram ministradas por um sacerdote vindo de Campanha, sede do município naqueles tempos. O resto do tempo era usado pelos próprios habitantes para seus terços, além das festividades dedicadas ao padroeiro já escolhido naquela época, S.Sebastião.
Depois da construção da Igreja, mais tarde construiu-se atrás desta um cemitério que foi desativado com a criação do atual em terreno doado por Charles Berthaud (aliás o primeiro a ser sepultado nesse lugar). Acredita-se que essa também tenha sido uma obra desse grupo de "cambuquirenses".
Mas,a história foi ingrata com esses cidadãos. E, a não ser o que foi citado na referida obra, nada mais se falou dessas pioneiros. Nem nas nossa primeiras informações das origens do município eles são citados. Restringindo-se a história oficial à história das três irmãs solteironas: Ana, Joana e Francisca da Silva Goulart, últimas proprietárias de parte do que hoje é a zona urbana central da cidade, e dos três escravos que teriam recebido uma porção de terras onde hoje se localiza o Parque das Águas. (A sede da fazenda ficava onde hoje é o Hotel São Francisco.)
Essas senhoras eram tias dos Irmãos Lemes, filhos de Vicente da Silva Leme (ainda sem o "S"), primogênito da família que como de costume recebia o sobrenome do pai, restando às filhas mulheres herdar o apelido da mãe ou um misto entre parte da denominação da família do pai e da mãe, como aconteceu com essas nossas "tias-avós". Inclusive isso induziu a um erro histórico da tal citação oficial quando se diz que a antiga Fazenda Boa Vista pertencia à "Família Silva Goulart", o que na realidade deveria constar "Família Silva Leme".
Não se fala em descendência dessas senhoras já que presumidamente faleceram solteiras como nos informa José Guimarães na sua obra As "Três Ilhoas", dados também aproveitados pelos autores do livro de Cambuquira: Dr.Thomé e seu filho Dr.Manoel Brandão, ex-prefeito e médico famoso na cidade.
As "Irmãs Goulart" receberam homenagens através da denominação de ruas no Parque S.João, enquanto Vicente e fihos que tanto lutaram para que aquele arraial se tornasse uma vila, para depois virar cidade, ficaram esquecidos.
Estes homens são membros do rol daqueles que fizeram "Cambuquira", cuja história resgatamos aqui para que se faça justiça depois de tantos anos.
A foto abaixo é de 1889 e dos primeiros tempos da Vila
Clique para ampliar e ver os detalhes, inclusive a provável casa de Joaquim Antônio
* Fonte: Cambuquira Estância Hidromineral e Climática - Drs. Thomé E Manoel Brandão - Ed.IBGE - 1958.
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