quinta-feira, 12 de março de 2009

CAP. CLÁUDIO AMÂNCIO DA SILVA LEMES



Cláudio Amâncio da Silva Lemes, que passou para história como Capitão Cláudio, como era de costume naqueles tempos usar uma patente militar como título para se destacar dos demais, foi um benfeitor quase que anônimo de nossa cidade. Proprietário da Fazenda dos Lobos que, com certeza herdou de seu pai Antônio Joaquim da Silva Lemes, próspero fazendeiro residente na cidade e proprietário do primeiro sobrado edificado na esquina onde hoje se localiza a agência da Caixa Econômica Federal, quase foi à falência ( e a história pouco conta disso) quando cedeu as águas de sua propriedade para a então cidade que se formava. Por causa disso, o engenho de rapadura, uma das principais atividades da fazenda, quase que parou, pois esquecera ele de colocar uma cláusula no contrato de cessão da água que limitasse o tempo de vasão para que as
máquinas pudessem trabalhar.

O capitão Cláudio pertenceu à primeira Casa Legislativa da cidade (foto ao lado), um órgão precursor da Câmara Municipal, como homem de poder e influência que tinha na comunidade. Ele era um homem letrado, embora não tivesse algum título de doutor. Alfabetizado na cidade de Campanha, centro administrativo da vila, falava e escrevia bem em francês.
Quis o destino que sua esposa, por algum problema físico não se engravidasse. E, talvez por isso, ou por outra razão que desconhecemos, Cláudio viera a ter um relacionamento com uma jovem campanhense, Justina de Azevedo, com a qual tivera uma única filha, que aliás tentava esconder de todos apesar de todas as evidências físicas e no carinho que tinha pela menina.
Ele a matriculou no Colégio Sion da Campanha onde o internato era privilégio das filhas dos ricos senhores de terras desta e de outras regiões do Estado e talvez do país. E, lá ele era conhecido pela irmãs como o "padrinho benfeitor" que zelava pela afilhada.
O tempo passou e a menina que recebeu o nome de Efigênia já contava com seus 15 anos, quando o velho capitão sentiu o peso da idade e a debilidade da saúde. Temendo deixá-la desamparada, elaborou um testamento nomeando um dos seus irmãos como tutor deixando o que a lei permitia para a bela jovem.
Dizem que no dia da leitura desse documento logo após a sua morte, sem esperarem aquela decisão quase secreta que poucos sabiam, foi um "Deus nos acudam" no fórum local. As senhoras da família, sobrinhas, afilhados entre outros, vestidos a caráter quase faleceram ao tomar conhecimento das "últimas vontades do Sr. Cláudio". Algumas das senhoras presentes no local não aguentaram e desmaiaram ao ver que o quinhão esperado ia para aquela menina quase desconhecida da família.
Efigênia, que não levava o sobrenome do pai, acabou por receber o nome "Lemes" ao se casar com um membro da família e parente do capitão que apesar de também não carregar esse "apelido de família" era filho de um "Silva Lemes". Assim, realizou-se um desejo oculto do velho Cláudio e a jovem senhora passou a se chamar Efigênia de Azevedo Lemes.
O Cap.Cláudio, através de sua filha, deixou grande descendência na cidade, os "Silva Lemes" da Fazenda do Lobo". Os netos, já naqueles tempos, já preocupavam o velho capitão que em testamento os legou as terras de sua fazenda. Com essa disposição de última vontade, o pai de Efigênia também garantia que a propriedade não fosse alienada, garantindo à filha como aconteceu o sustento por toda vida.
São netos do Capitão Cláudio: Claudinho* que levou o mesmo nome do avô, Daniel*, Fabiano, Ernani, Geninha*,Gracia*, Cidinha, Edwiges, Marfisa*, Irene e Darci.
(*) filhos já falecidos

Nenhum comentário: