quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Mário Penido


Mario Penido, nascido em 1885, veio para Cambuquira e aí fixou residência. Casou-se em 1920 com Maria Soares e teve quatro filhos, a saber; Gilberto, Maria Antonia (Tonete), Maria Lilia e Dirce Maria.
Ainda bem jovem, se tornou o dono de principal estabelecimento comercial de nossa cidade. Ali ele oferecia uma variedade de produtos que fazia do seu estabelecimento um ponto de convergência da população e de turistas, pois o Sr. Mário tinha de tudo um pouco.
Uma das histórias que se ouve ainda hoje sobre este homem é a sua honestidade.Dizem os mais velhos que ele nunca remarcava as mercadorias, mesmo que as novas remessas fossem mais caras.
"__Tem essa aqui que é mais velha e mais barata e tem essa aqui que chegou agora e está mais cara!". A escolha ficava a cargo do freguês.
Por causa disso, a "Casa da Época" fazia muito sucesso.
Mario Penido, no começo de sua vida em Cambuquira, nem imaginava que ele e sua família viriam a ser no futuro protagonistas de um fato que marcou a história de nossa cidade, contada abaixo por suas filhas Dirce Penido e Maria Antônia Penido Maia(D.Tonete)

Comentário do blog.

Leia abaixo, a verdadeira história da Família e um fato que marcou a história da cidade e dos Penido com textos de Dirce Penido. (clique nas fotos para ampliar)

Origem da Família Penido

A família Penido teve origem em Portugal, na Província do Douro. Na 1ª metade do séc.XVIII, Manuel Nogueira Penido veio para as Minas (há registro dele em Vila Rica no Censo de 1731), onde se casou em 1746 com Luísa Rodrigues de Souza, em Mariana. O casal teve muitos filhos , constituindo o tronco dos Nogueira Penido de nossa região. Um de seus netos, João da Cruz Nogueira Penido estabeleceu-se em São Gonçalo do Sapucaí, gerando, de Maria Rita da Silva, uma filha, Emilia Nogueira Penido, nascida em 1871. Esta veio a se casar com um primo, João da Cruz Nogueira Penido Sobrinho, nascido em Piedade dos Gerais MG, em 1860. O casal teve 11 filhos e o segundo deles, Mario Penido, nascido em 1885, veio para Cambuquira e aí fixou residência. Casou-se em 1920 com Maria Soares e teve quatro filhos, a saber; Gilberto, Maria Antonia (Tonete), Maria Lilia e Dirce Maria.

Estabeleceu-se como comerciante, fundando a Casa da Época, armazém de Secos e Molhados, que se tornou o maior e melhor estabelecimento do gênero na cidade.


Numa época em que o conceito de Super Mercado ainda não havia se implantado no Brasil, “Secos e Molhados” era o tipo de comércio que prevalecia.


Clique nas fotos p/ampliar

Na foto da direita aparecem: Norberto, empregado da loja, Paulo Penido e Mario Penido.

A Casa da Época"tornou-se ponto obrigatório para aquisição dos bens necessários para a vida diária. Atendia a toda a população da cidade e de modo indireto também aos veranistas pois ela promovia o abastecimento dos hotéis que ali realizavam suas compras , utilizando o sistema de cadernetas.Dedicou sua vida a esse grande armazém, nele trabalhando até a velhice, enquanto teve saúde. No final da década de 50 veio trabalhar com ele seu genro José Marino Maia, que instalou ali uma pequena fábrica de doces, passou a vender artigos para turistas, modificando o propósito original do estabelecimento, que passou a se chamar Casa Marino.

Mario Penido faleceu em 1971 com a idade de 86 anos. Sua esposa Maria Soares Penido era uma mulher muito devota, dedicada à igreja e suas obras assistenciais.
Foi durante muito tempo presidente do Apostolado da Oração. Faleceu em 1991 com a avançada idade de 96 anos. Texto de Dirce Maria Soares

Um acontecimento inusitado na “História” de Cambuquira

Na década de 40 havia em Cambuquira um “Stand” , situado em local privilegiado, para a prática de Tiro aos Pombos e Tiro aos Pratos.Vários cambuquirenses participavam do esporte: André Bacha, Antônio Ponzo, Antônio Gonçalves, Braz Ponzo Neto II, Alfredo Campos, Anunciato Ponzo entre outros. A cidade passou a receber visitantes dos mais variados centros para tomar parte em eventos com os atiradores cambuquirenses.Os moradores da estância se interessavam pelo que acontecia e várias vezes subiam a ladeira, que dava acesso ao “Stand”, para apreciar a pontaria dos atiradores.

Em janeiro de 1944 houve na cidade um Campenato Nacional de Tiro. Há que se destacar a presença do Príncipe D. João de Orleans e Bragança, exímio atirador, comandante de uma esquadrilha da FAB. Segundo se apurou, os demais pilotos do Grupo vieram a convite dele para participar.
Tão somente retornassem ao Rio de Janeiro, vários deles seguiriam para Dacar, na África, onde integrariam um comando responsável pela patrulha das costas brasileiras. O Brasil participava da 2ª Guerra Mundial, junto às Forças Aliadas e alguns de seus navios mercantes haviam sido torpedeados por submarinos alemães. Clique nas fotos para ampliar!
Terminado o Campeonato de Tiro a esquadrilha partiria do Campo de Aviação de Campanha, onde havia pousado. Antes de levantar vôo, os oficiais Douglas e Rubens Hermes da Fonseca
(os dois à esquerda da foto acima), pilotando um caça NA, receberam ordem de ir às proximidades da Serra da Mantiqueira , para constatar a presença ou não de neblina.
Desobedecendo as orientações recebidas , passaram a sobrevoar Cambuquira, diminuindo a altura da aeronave, em ousados vôos rasantes e manobras arriscadas, chamando a atenção dos moradores e turistas que, estupefatos, olhavam para o céu.
Era o dia 18 de janeiro de 1944, aproximadamente, 10 horas da manhã.

Perdendo cada vez mais altura, o avião veio a bater no lado esquerdo da residência do
Sr. Mario Penido , caindo em seguida na rua, em frente ao Hotel Globo, afundando paralelepípedos , num estrondo fortíssimo. De imediato levantou-se enorme nuvem de poeira da parte da casa atingida. Um tumulto geral, indescritível.
Os escoteiros do C.R. do Flamengo, que anualmente passavam temporada em Cambuquira, vieram imediatamente para controlar a situação. Colocaram cordões de isolamento , evitaram o saque de estilhaços do avião, puseram em paraquedas os corpos mutilados dos aviadores.

D.Maria Soares Pedido, mãe zelosa , imediatamente tratou de procurar pelos seus filhos.
Depois de muito tempo e desespero ela soube que na Farmácia do Sr. José Leonel de Rezende achava-se uma menina bastante ferida, em estado de choque. Tonete recebeu os primeiros cuidados no consultório do Dr. Vicente Urti, para onde foi transferida , já que em Cambuquira não havia hospital e seu estado, sendo bastante grave, não resistiria ao transporte a uma cidade vizinha. Ela recuperou-se pouco a pouco e, posteriormente, foi levada de avião para o Hospital da Aeronáutica, no Rio de Janeiro, onde continuou seu tratamento.
Conclusão: Os dois pilotos, mesmo falecidos, foram considerados expulsos da Aeronáutica. Apesar de algumas seqüelas, Tonete se restabeleceu, estudou, formou-se e mais tarde se casou com José Marino Maia.

Textos e pesquisa de Dirce Penido e Maria Antônia Penido Maia.